"Quem responde pela brutalidade?
Por que tanta brutalidade para reprimir uma manifestação política pacífica? Qual a razão do uso abusivo da força pública para espancar estudantes e ativistas que apenas manifestavam sua indignação contra a corrupção?
As autoridades militares argumentam que não poderiam permitir que os manifestantes parassem o trânsito. Ora, qual manifestação pública nas ruas de um grande centro urbano não causa algum tipo de transtorno no trânsito local?
Em Tóquio, Londres ou Califórnia, seja lá onde for, manifestações públicas causam transtornos à rotina. Uma polícia civilizada sabe lidar com manifestantes. Desvia o trânsito, redireciona a manifestação, toma outras providências. Para isso, profissionais treinados não precisam utilizar a força bruta.
Na repressão à manifestação desta quarta feira na Praça do Buriti, a Polícia Militar de Brasília agiu com uma brutalidade desproporcional, típica de uma polícia truculenta e mal preparada para lidar com multidões.
Não havia razão para o uso de tanta brutalidade. Os manifestantes estavam ativos e agitados, como em qualquer protesto público. Mas, utilizavam apenas faixas, apitos, palavras de ordem. Como convém, numa democracia, onde a livre manifestação da indignação é garantida pela lei.
Não há imagens de manifestantes apedrejando ou agredindo policiais, ainda que possa ter ocorrido agressão verbal. As imagens demonstram uma reação emocional da polícia, jogando cavalos sobre pessoas deitadas, pisoteando, usando cassetetes e gases contra manifestantes e contra a imprensa.
Pior ainda, as imagens mostram um dos coronéis que comandavam a operação militar se atirando descontroladamente contra um manifestante, e rolando com ele no chão, como se estivesse num ringue de luta livre. O coronel parecia transtornado. Sua reação como comandante militar não se justifica.
Nem o comando nem os policiais estavam preparados para lidar com uma manifestação pública. A única desobediência dos manifestantes havia sido parar o trânsito. Isso não justifica a brutalidade e o descontrole policial.
A agressividade da Polícia Militar faz crer que uma ordem superior, de alguém muito desesperado, mandou bater. A desproporção da ação da polícia só se explica pelo desespero de alguém que não sabe mais o que fazer diante das evidências da corrupção. Neste, como nos outros tristes fatos desta crise política, é preciso apurar os fatos".
No próximo sábado, os manifestantes prometem voltar às ruas. Desta vez está marcada uma carreata para às 9h da manhã, na frente do estádio Mané Garrincha. A carreata vai até o ‘Buritinga’, onde atualmente funciona o governo do DEM.
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